quarta-feira, 29 de abril de 2009

Contas de 2008 da Câmara de Santarém passam sem votos contra

A dívida da Câmara de Santarém no final de 2008 permanecia na casa dos 60 milhões de euros, as grandes opções do plano tiveram uma execução de apenas 34 por cento (%) e a execução do plano plurianual de investimentos do município não passou dos 22,1%. Dados muito aquém das expectativas expressas no orçamento municipal do ano passado, mas que mesmo assim não levaram ao chumbo das contas da autarquia, como aconteceu em anteriores ocasiões. A oposição, que em conjunto tem mais votos (5) que a maioria PSD (4) que governa o município, optou pela abstenção. Apesar das críticas deixadas durante o debate.

Os vereadores do PS criticaram o facto de a dívida do município ao invés de ter descido ainda ter aumentado 600 mil euros, cifrando-se agora nos 60,9 milhões de euros. Isto apesar do encaixe de cerca de 7 milhões de euros de receitas extraordinárias resultantes da antecipação de rendas da EDP. As horas extraordinárias do pessoal, que o presidente Francisco Moita Flores (PSD) quis cortar drasticamente no início do mandato, subiram também 8,7%. Os resultados operacionais em 2008 tiveram um resultado líquido negativo de 5 milhões de euros.

A vereadora independente Luísa Mesquita apontou outros exemplos críticos da gestão PSD. Pediu mais rigor e realismo na elaboração dos planos de actividades e orçamentos para não surgirem médias de execução tão baixas. “É possível mais contenção nalgumas áreas”, declarou, questionando ainda os critérios e as prioridades da maioria, que levam a que, nas grandes opções do plano, haja taxas de execução em 2008 de 15,3% na área da educação, enquanto a cultura chega aos 55% e o desporto e lazer aos 50%.

A defesa da maioria ficou a cargo de Francisco Moita Flores. O presidente referiu que os números “não são ideologicamente neutros” e reflectem as suas opções políticas. Exemplificou o “esforço de contenção” com a redução de despesas nas rubricas da cultura e publicidade. Salientou o pagamento de quase dois milhões de euros à ADSE que põe as contas da autarquia praticamente em dia com esse sistema estatal e sublinhou o investimento no “ambiente escolar” de cinco milhões de euros.

“Estes são os números do nosso orgulho enquanto executivo”, disse Moita Flores num discurso agregador, em jeito de balanço, onde agradeceu a colaboração de toda a vereação durante o mandato. Realçou ainda a transparência das contas e o facto de as mesmas não reflectirem os avultados investimentos em curso.
O Mirante